Nossas Dores - Por que elas existem?
- Marcela Daguer
- 22 de fev. de 2023
- 5 min de leitura

Quem aqui não sente ou já sentiu algum tipo de dor, não é mesmo? Aliás, arrisco a dizer que vivemos quase que diariamente com algum tipo de dor.
Temos, por conceito, dois tipos de dores: a dor física e a dor moral.
A dor FÍSICA é representada por nossas doenças ou desequilíbrio da nossa saúde, qualquer sofrimento em qualquer grau do nosso estado físico, desequilíbrio ou escassez de suprimento de nossas necessidades fisiológicas, ou seja, necessidade de respirar, descansar, comer, beber, dormir, manter-se vivo, etc.
Já a dor MORAL é impactada pela dor espiritual ou sofrimento da alma, dor psicológica, dor emocional, mental.
A dor também pode ser identificada como sendo um sentimento de angústia e sofrimento diante de um estímulo, interno ou externo, agressivo ou percebido como tal.
Uso a expressão “percebido como tal” pois, as vezes sofremos por coisas que surgem a partir de gatilhos causados por vivências do passado e crenças antigas ou porque podemos também sofrer por coisas que ainda não aconteceram e que, por muitas vezes, nem acontecem.
É impossível não passar a vida sem enfrentar algum tipo de dor.
Aliás, vocês já imaginaram uma vida inteira sem dor nenhuma? Como seria isso?
Será que seria bom? Será que cresceríamos como pessoas ou ficaríamos estagnados exatamente no mesmo lugar porque não tem nada nos incomodando e nos estimulando a mudanças?
Como seria a sua vida sem nenhum tipo de dor? Já pensou nisso?
Muitos agora podem estar pensando: Ah! Uma vida sem dor seria maravilhoso! Como gostaria de não sentir essa dor! Acho que minha vida seria melhor sem a presença da dor! E por aí vai…
Infelizmente, nos bastidores estratégicos da vida, não é bem assim que a banda toca.
A estratégia divina, sábia e perfeita que é, sabe exatamente o que precisamos viver para seguirmos em nossa marcha rumo à auto-iluminação, rumo a Sagrada Finalidade que é estar UNO a Deus.
Saiba, portanto, que a dor tem um propósito em nossas vidas.
Na filosofia grega, filosofia que surgiu em meados do século VI a.C.,que tinha por objetivo buscar entender e explicar a origem do universo, o princípio de todas as coisas, bem como o funcionamento da evolução humana, também acredita na importância e necessidade da dor para o aprimoramento pessoal.
A forma de explicações destes pensadores eram retratadas por meio de Deuses, onde cada um representava uma virtude necessária para tais objetivos.
Pasmem vocês ou não, estes sábios pensadores, crentes da sua importância na evolução da humanidade, criaram a Deusa da dor, a Deusa Algea - Deusa da dor, das aflições e tristezas. Deusa Algea, filha de Éris - Deusa do conflito e da discórdia.
Bom, se até eles entendiam que a dor é necessária e que, por meio dela, há um movimento divino atuando para nosso crescimento, cabe a nós buscar ressignificar tudo que vivemos e entender a existência de cada uma delas em nossas vidas e claro, tratá-las.
Sim, a dor existe e precisamos dela para alguma coisa!
Na Índia, a qual carrega uma sabedoria milenar e uma tradição espiritual muito intensa, também acredita na importância da dor para o crescimento espiritual. Nesta, eles também deixam muito claro que a dor, além de nos servir para nossa transformação pessoal ou nosso aprimoramento de virtudes, se apresenta para nos fazer vivenciar e reaver faltas do passado ou até mesmo de vidas passadas, as famosas vivências cármicas.
Pare alguns minutinhos e reflita um pouco sobre isso.
Na sua vida, quais foram os momentos mais importantes ou marcantes?
Provavelmente virá à tona algum momento de dor, tristeza, desconforto, superado! Os momentos que mais crescemos e nos sentimos realizados, são os momentos superados, transformados, modificados, os momentos que exigiram de você alguma ação.
Podemos também pensar um pouco no princípio da dualidade. A vida é dual. Para existir a luz, a sombra deve existir. Para valorizarmos a luz, devemos conhecer e degustar o lado da sombra.
A dor, sendo analisada por este princípio, vem nos trazer a oportunidade do oposto, a da cura, da plenitude, da felicidade. O sentimento da Dor vem junto com o sentimento, desejo ou necessidade de correção de algo que está errado ou fora da harmonia, para que a mesma então cesse. A dor definitivamente nos traz a oportunidade de inúmeros aprendizados e cura.
“Quando eu vivo alguma dor ou entro em uma situação dolorosa, ou até mesmo em um simples desconforto, automaticamente já foco no que eu preciso melhorar em mim para sair desta vivência mais rápido e obviamente, melhor de quanto eu entrei. Busco me aprimorar nem que seja um pouquinho, pois sei que esse pouquinho já é muita coisa. Esse pouquinho pode significar aquela chavinha de compreensão para uma futura grande virada.”
Agora que entendemos um pouco mais sobre a razão em vivenciar algumas de nossas dores, podemos pensar então nos caminhos que podemos seguir.
Temos dois caminhos para a obtenção dos aprendizados: O CAMINHO DA DOR E O CAMINHO DO AMOR.
Ambos te levarão para a mesma finalidade: o aprendizado, porém há uma diferença importante e que deve ser considerada de forma inteligente entre cada caminho.
O APRENDIZADO NA DOR, vem marcado por repetição, por situações dolorosas repetidas e que só cessarão a partir do momento que entendermos o que precisamos melhorar e aplicarmos em nossas vidas. Veja bem, aqui fica claro que, o poder de decisão do quanto sofremos está puramente em nossas mãos. Temos o livre arbítrio de ficarmos acomodados e nos vitimizando por nossas dores ou buscar o autoconhecimento e compreensão do que podemos melhorar. Trabalho muito este tema nas minhas sessões porque vejo o quanto sofremos por falta deste discernimento e falta de ação. Muitos não sabem por onde começar e o que devem fazer.
Crescemos como seres humanos e como alma, quando despertamos e aprimoramos virtudes, e as dores são ferramentas informativas do que a vida já nos pede para ser aprimorado.
Enquanto não agirmos totalmente dentro da lei do amor, da moral e da virtude, as dores acontecerão como consequências para nosso aprendizado.
A dor acaba quando o aprendizado chega.
Já o aprendizado no AMOR, não significa que não vai doer ou te gerar algum desconforto, até porque aprendizado é aprendizado! Nos tira da zona de conforto, nos pede mudança e ação e isso por si só, já nos gera algum tipo de dor.
O aprendizado no AMOR acontece quando eu, ao invés de reagir, eu ajo para a vida. Quando adquirimos uma maturidade emocional e espiritual, entendemos mais facilmente esse conceito divino sobre a dor! Adquirimos um poder de aceitação que nos faz sofrer infinitamente menos. Aprender no amor, significa enxergar a dor como um presente e ferramenta de crescimento pessoal e espiritual. Pegamos nossa dor, refletimos sobre ela, do motivo de a estar vivenciando e se perguntar o que posso fazer de melhor para parar de senti-la. O que esta dor esta querendo me dizer? Qual virtude devo trabalhar em mim para superar essa pedra no meu caminho?
A felicidade existe, é possível. Não precisamos viver neste vale da dor.
Precisamos buscar pela saúde do corpo e na plenitude da vivência da Moral.
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